''...traz o Ladrão! Traz o Ladrão! ''

Que o futebol é e sempre foi, ‘’a diversão de todos preferida’’, disso não há dúvidas. Mas além de ser um esporte divertido e prazeroso, por vezes o mesmo se torna bastante competitivo, e no calor de uma partida, os nervos sobem á flor da pele, fazendo com que os jogadores sejam tomados pela emoção no lugar da razão. Brigas e desentendimentos dentro das 4 linhas são comuns desde que o futebol surgiu, e apesar de todas as mudanças de regras, criação de tribunais de justiça desportiva , punições, etc, as mesmas parecem resistir ao tempo. Um dos registros mais antigos de confusão em jogos aqui na Paraíba, data do começo do século XX, nos primeiros anos após a chegada do futebol no nosso estado.

Em Campina Grande, o Campinense Clube despontava como um dos principais times de futebol da cidade. Mas repentinamente, após ser fundado em 1915, o seu departamento de futebol foi fechado. O motivo seria, segundo os campinenses que viveram aqueles dias, toda vez que o clube jogava, a partida jamais chegava ao seu final, uma vez que aconteciam brigas homéricas à base de tapas, socos e, não muito raro, até tiros e facadas (Jornal da Paraíba, 23.01.75), (MEDEIROS, 2010). O departamento de futebol do CC só seria reaberto na década de 60!

Analisando os jornais da época e relatos de antigos torcedores, encontrei várias referências a confusões em campo envolvendo o Auto Esporte Clube, uma delas já relatada na primeira postagem do blog.
Mas duas delas são dignas de serem lembradas. A primeira ocorreu no início dos anos 50, envolvendo atletas do Auto, que se encontravam na cidade de Sousa, no sertão do estado, para realizar um amistoso contra um selecionado local, jogo que terminou com a vitória do Auto por 1 x 0. Segundo consta, o jogo foi bastante truncado e acirrado, com muitas faltas e jogadas violentas, partindo principalmente do time automobilista. No fim de jogo, revoltados com a postura dos jogadores do Auto durante o jogo, alguns torcedores do selecionado local foram em direção á delegação alvirrubra que havia parado em uma sorveteria antes de pegar a estrada de volta à capital. Ao serem ofendidos com palavrões e ameaçados até mesmo com pessoas munidas de facas, alguns membros do time do Auto Esporte responderam aos insultos e também munidos de facas, ameaçaram os sousenses. Felizmente, a Polícia e a turma do ‘’deixa disso’’ impediu que ocorresse uma tragédia naquele final de tarde na ‘’cidade-sorriso’’.

Mais tarde, no começo da década de 1960, outra grande confusão envolvendo novamente jogadores do Auto Esporte Clube é digna de destaque. Em jogo no estádio da Graça, contra a Assosiação Atlética Pibigás, o juíz da partida, Ernany Soares, expulsou o jogador Bicudo por ter lhe desferido um carrinho proposital por trás. Ao receber o cartão vermelho, ‘’...o atacante volante mandou ‘’os 5 dedos’’ na cara do árbitro...’’ Á seguir, o zagueiro Lêla após entrada violenta em um jogador adversário, também foi mandado para o chuveiro, mas antes deu no juíz. Depois disso, não houve mais jogo, pois Elcio reclamou e foi expulso. Também agrediu o árbitro com um soco na cara. Piaú também foi reclamar com o árbitro e foi expulso. Vanildo foi outro jogador que tentou agredir o árbitro, mas foi controlado.


E a torcida do Auto, revoltada com as atitudes do árbitro contra o time automobilista, ficou aos gritos de ‘’...traz o Ladrão! Traz o ladrão!’’, parecia estar se divertindo com a cena, aplaudindo as cenas de pugilismo! Não era para menos...

 
Na fotografia , o zagueiro Lêla, um dos responsáveis pela cena de pugilismo no estádio da Graça, naquela tarde em que a arbitragem mais uma vez, passou a mão no Auto.



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