A charge acima, retirada do jornal ''O Norte'', em uma reportagem esportiva do ano de 1958, reflete bem a situação do futebol da Paraíba naquele momento. O amadorismo dos clubes, bem como da Federação Paraibana de futebol, tornou o campeonato daquele ano um fracasso de público e renda.  O então presidente da FPF, o senhor Luiz Espinele, havia excluído o Treze e o Campinense da competição. Logo em seguida, o América de Esperança e o Confiança de Sapé também desistiram de disputar o campeonato, seguidos pelo Botafogo-PB. Os únicos que restaram para a competição foram os da capital paraibana, junto com o Auto Esporte Clube, que foi o único clube tradicional a permanecer, mesmo tendo ameaçado de também abandonar o campeonato. Os demais clubes eram formados em vários bairros de João Pessoa, o Comerciários, o Santos, o Estrela do Mar, o Íbis da Torre, o Oitizeiro e o Arsenal.

O baixo nível técnico destas equipes tornou o campeonato daquele ano relativamente fácil para a posterior conquista automobilista. Nos dois turnos, foram 9 vitórias, 1 empate e apenas 1 derrota, com 39 gols marcados e 12 sofridos.

Em um destes jogos disputados, o Auto Esporte enfrentou o Estrela do Mar, no estádio da Graça. Um jogo nervoso, que foi ganho pelo Auto por 2 x 0, porém, que foi encerrado antes dos 30 minutos da etapa complementar. Segundo a reportagem do jornal O Norte, uma entrada violenta de um jogador do Auto no jogador do Estrela do Mar, gerou o ''Sururu''. Os 11 jogadores das duas equipes se defrontaram no gramado, trocando chutes e pontapés, enquanto o árbitro da partida apenas observava a confusão. Até mesmo o então presidente do Auto Esporte, o Coronel Sebastião Calixto, bateu boca com o presidente do Estrela do Mar. A Polícia Militar teve que entrar em campo para encerrar a confusão. Vale a pena lembrar que esta não foi a única confusão registrada naquele ano, pois outros jogos tiveram o mesmo fim.

Isso era apenas uma amostra de como o amadorismo, a falta de organização e a indisciplina eram comuns, aliada à falta de preparação dos árbitros da FPF, problemas estes que eram correntes, e que até os dias atuais, se fazem presentes no nosso futebol.

Independente das crises, o Auto Esporte fez a parte dele e levantou merecidamente a taça de 1958, título que lhe conferiu a vaga na Taça Brasil do ano seguinte, sendo o 1º clube da Paraíba a disputar uma competição nacional.


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